Módulo II - Fundamentos de Biomedicina

Inflamação – Reação dos tecidos às agressões

Conceitos Principais, Definições e Causas

 

1. Conceito

 

Conjunto de fenômenos bioquímicos, morfológicos e fisiológicos, sucessivos, ativos e complexos, pelos quais se exterioriza a reação vascular e tissular dos tecidos vivos a qualquer agressão.Outros adjetivos cabíveis: local, inespecífica e mesenquimal.

 

2. Sinonímia

 

Flogose

 

3. Etimologia

 

  • lt. "inflammatio" = incêndio
  • gr. "phlogosis" = ["phlox" = fogo + "osis" = estado de...]

 

4. Nomenclatura

 

Termo designativo do local (órgão, tecido, ou cavidade) afetado, acrescido do sufixo ITE. A adjetivação deverá ser feita conforme o tipo do processo [ ver classificação].

 

5. Ocorrência

 

Uma das respostas mais comuns dos organismos vertebrados às agressões.

 

6. Objetivos

 

Dominar, minimizar, enclausurar, neutralizar, destruir e eliminar a causa da agressão; e induzir a Reparação (reposição de células e tecidos mortos por células sadias, oriundas do epitélio adjacente - "Reepitelização"; do parênquima - "Regeneração"; ou do estroma - "Cicatrização").

 

7. Inflamação como uma "Resposta Benéfica"

 

Se não existisse o processo inflamatório, os microorganismos estariam livres para penetrar nas mucosas e feridas, proliferar, disseminar e finalmente comprometer de tal forma o organismo hospedeiro que fatalmente o mataria. Além disso, se não existisse a inflamação, não existiria cicatrização de feridas nem cura e reparação das lesões. Dessa maneira o organismo seria como uma máquina sem peças de reposição, que ao primeiro defeito estaria condenada...

 

8. A Inflamação como uma "Resposta Maléfica"

 

Existem ocasiões em que o processo inflamatório pode interferir seriamente na função do órgão acometido, podendo até mesmo levar a uma condição mais ameaçadora que a agressão inicial que o determinou. Nesses casos, ocorre a perda do controle homeostático na resposta, assumindo a inflamação um papel destrutivo, maléfico ao organismo. Exemplos:

. Cirrose hepática;

. Glomérulonefrites auto-imunes e por imunocomplexos;

. Artrites reumatóides;

. Ceratites;

. Choque anafilático (hipersensibilidade à penicilina, por exemplo).

. Granuloma contra ovo do Schistosoma mansoni

 

9. Causas

 

Tudo que possa agredir o organismo pode ser considerado como eventual agente etiológico da inflamação, vez que esta é uma resposta orgânica à qualquer agressão.

Bogliolo & Lima Pereira (1978) classificaram em causas:

Endógenas: as derivadas de degenerações ou necroses tissulares e as derivadas de alterações na resposta imunológica (por imunocomplexo ou autoimune).

Exógenas:

    • Agentes Físicos: Calor e frio; eletricidade; radiações; sons e ultra-sons; magnetismo; gravidade; traumas mecânicos e atritos;
    • Agentes Químicos:

- Inorgânicos: Cáusticos, metais pesados, ácidos e álcalis fortes, etc..

- Orgânicos: Exo e endotoxinas bacterianas, micotoxinas, venenos vegetais e animais.

    • Agentes Biológicos:

- Infecciosos: Vírus, bactérias, micoplasmas, fungos e protozoários.

- Parasitários: Helmintos e artrópodes.

 

Observação: É muito importante considerarmos a inter-relação "Agente Agressivo - Contato Agente Tecido - Tecido" na caracterização da gravidade da agressão e da intensidade da inflamação.

Assim, um agente pouco patogênico, em contato único e ligeiro com um tecido saudável pode determinar tão somente uma agressão leve com reação inflamatória de curta duração (aguda) e de pequena intensidade. Por outro lado, um agente muito resistente e patogênico, em contatos repetidos e persistentes, mesmo em tecidos saudáveis, irá determinar uma agressão mais grave com reação inflamatória de longa duração (crônica) e de maior intensidade.

 

 

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